Hoje vivemos o drama da situação que fomos criando no passado.
O valor primordial de uma casa é o seu valor de uso.
Nos últimos anos privilegiámos o valor de posse, isto é, parece que o importante é ser proprietário porque a valorização das casas era imensa e desmesurada face à oferta.
Vejamos algumas conclusões da tese de Mestrado de Fátima Moreira, "O Envelhecimento da População e o Seu Impacto na Habitação - Prospectiva até 2050", do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informática da Universidade Nova de Lisboa:
"O parque habitacional português tornou-se um parque de proprietários com encargos, tendo-se generalizado o acesso à habitação própria. O país e os portugueses parecem, assim, ter concentrado grande parte dos seus recursos financeiros em investimento especulativo, adquirindo novos fogos que demasiadas vezes ficam sem uso, à espera de mais-valias.
... Este parque habitacional é relativamente abundante, quando comparado com o número de habitantes. Se fosse inteiramente habitado, cada alojamento não albergaria mais que duas pessoas sob o mesmo tecto.
... o número de habitações praticamente duplicou nas últimas três décadas, colocando Portugal no segundo lugar com maior rácio de habitação por agregado familiar da União Europeia.
... Supondo que a parte das residências principais e dos alojamentos vagos no parque de alojamentos permanecerá estável, podemos afirmar com alguma certeza que se manterá o excedente habitacional em Portugal.
Ficámos esclarecidos sobre o facto da intervenção do estado ter sido perniciosa e conducente à situação actual, especialmente através da intervenção no mercado de arrendamento e na politica fiscal, para quem adquirisse casa própria.
E agora vamos demorar tempo a adaptarmo-nos e actualmente existem famílias em que a sua divida ao banco é maior do que o valor de mercado da sua casa.